terça-feira, outubro 30, 2018

"Os Verdes da Alagoa" - Os nossos atletas (2 de 9)

Em 1.º plano, da esq. para a direita: Fernando “Perrichon”, Carlos Machado,
Manuel Bulcão, Mário Barbosa., Manuel Silveira, José Machado e João Almeida.
De pé, pela mesma ordem: João Ribeiro, Costa Pereira, João Luís, João Quadros,
António Marques. Manuel Lima, Manuel Cristo e António Almeida.

Nasceu e cresceu na freguesia da Conceição no dia 8 de Setembro de 1942 (a data oficial de registo de nascimento é de 8 de Novembro do mesmo ano) e é filho de pais micaelenses.
Frequentou as ruas e o areal da sua freguesia atrás duma bola. Por vezes de muita fraca qualidade, na companhia dos “rapazes da sua juventude” e aí, sem qualquer instrutor ou treinador formou-se para o futebol.

Ingressou nos “Verdes da Alagoa” pela mão e influência de seu pai, adepto ferrenho e assíduo colaborador da equipa do FSC que conquistou, em 1959, o Torneio Açoriano de Classificação à Taça de Portugal.
Em 1955 e com 13 anos de idade, na primeira vez que entrou nos balneários para envergar a camisola verde, deparou-se com um pequeno problema: como calçar aquele “par de botas”. Deu voltas e mais voltas aos compridos cordões mas nunca deu com o jeito de os amarrar. Vítor Pinheiro, que se encontrava a seu lado, explicou-lhe como deviam ser abotoadas e assim deu entrada no campo para dar os primeiros pontapés numa bola de futebol, no Clube que seria sempre o seu.
Em 1978 pôs as botas na “prateleira com cordões e tudo”, incluindo os pitons e as caneleiras. A camisola ficou “sempre vestida”.

Como o anterior, o presente e seguintes comentários foram escritos pela redacção do jornal do Fayal Sport Club e como tal é da sua iniciativa e responsabilidade o seu conteúdo, pelo que a seguir se transcreve o que foi escrito no número 46 de 4 de Abril de 1970, referente ao autor da presente série os “Verdes da Alagoa”:

“João Luís

Está presentemente, com 27 anos de idade. Portanto, no apogeu das suas inegáveis qualidades de futebolista nato.
O João Luís de Oliveira Pereira nasceu a 8 de Novembro de 1942. Inscreveu-se no Fayal Sport Club, na Escola de Jogadores, em 6 de Outubro de 1955. Assinou, como sénior, na época de 1960/61.
Envergou sempre a camisola verde.
Sua ficha biográfica diz-nos que foi Campeão Distrital sete vezes, sendo três consecutivas, por duas vezes: em 1960/61, 1963/64, 1964/65, 1965/66, 1967/68 e 1969/70.
Venceu mais seis vezes o Torneio de Classificação nas épocas de 1962/63, 1964/65, 1965/66, 1966/67, 1967/68 e 1968/69.
Foi seleccionado em Agosto de 1965, representando, na América, o Futebol Faialense.
É este o palmarés do João Luís, palmarés que podemos considerar como de registo. É porque a outra faceta desportiva do João Luís é muito mais importante do que vitórias e glórias, muito embora estas também contem, e bastante, na vida do atleta e na vida do Clube que ele representa. O João Luís é um desportista correctíssimo. Sendo um futebolista de fibra, lutador, entusiasta, nunca ultrapassou em nada aquilo que se exige a um atleta exemplar. Basta deixar aqui dito que desde a época de 1955, altura em que principiou a pisar os nossos campos, nunca sofreu o mais pequeno castigo. E é com prazer que registamos o facto, sabendo de antemão que não é fácil, por vezes, resistir-se a tantas coisas sem um acto de rebeldia, que embora justificável será sempre de condenar. Bem merece, pois, a medalha de Mérito Desportivo, com que a Federação Portuguesa de Futebol costuma distinguir os desportistas que se evidenciam pela sua conduta exemplar.

Como já dissemos o João Luís encontra-se em plena posse de todas as suas qualidades futebolísticas e que são muitas. São tantas até, que não hesitamos em considerá-lo o melhor futebolista faialense dos últimos anos, pois o seu nível técnico, a sua classe, o seu apego à luta, o seu brio e a sua correcção é que nos ditaram essa escolha. Quer no lugar de quarto defesa, onde quase sempre tem jogado, como agora no posto de médio, o João Luís tem dado provas de um saber futebolístico verdadeiramente à parte.
Teria sido alguém no Futebol Nacional se tivesse tido essa oportunidade.
É este o melhor elogio que lhe podemos fazer.
A sua natural modéstia não ficaria, por certo, afectada por esta verdade que agora lhe dizemos”.

J. Luís

Publicado no Incentivo a 29 de Outubro 2018

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