De pé, da esquerda para a direita: Costa Pereira, Leonel, João Luís, João Ribeiro,
Manuel Raposo, Jorge Barbosa, João Quadros, Manuel Cristo e Antero Gonçalves (Treinador).
Em 1.º plano: Mário “Vidinha”, João Ângelo. Fernando Faria, Mário Barbosa. José Macedo,
Manuel Lino (Administrador do Jornal FSC), e Manuel Bulcão.
Sim, é verdade. O Fayal Sport Club também teve o seu jornal periódico! Foi um mensário, que geralmente saía aos fins de cada mês.
Eu fui o Director desse jornal, que durou cerca de 10 anos consecutivos. O primeiro número saiu a 2 de Julho de 1966 e o último a 2 de Fevereiro de 1975, e que foi a edição comemorativa do 66.º aniversário do Clube.
Foi um percurso longo, com altos e baixos, como são todas as coisas mundanas e falíveis, numa cidade pequena e de fracos recursos. Mas fez-se o jornal. Que foi durante cerca de uma década, a voz do Clube e o narrador de histórias.
Ninguém me vem ensinar o que é um jornal, grande ou pequeno, que tem sempre uma dimensão temporal e descritiva, pois a minha vida jornalística ultrapassou já meio século de actividade no “Telégrafo”, no “Correio da Horta” – principalmente no “Correio da Horta” – e também em vários outros jornais da língua portuguesa, no nosso País, e nos Estados Unidos da América, na Nova Inglaterra e Califórnia.
Não é fácil fazer um jornal, qualquer que seja a sua orientação, onde trabalham várias pessoas e tem diversas características.
Para que o Fayal Sport Club tivesse um jornal foram precisas muitas boas vontades. A maior de todas, a do Sr. José Bettencourt Brum, figura marcante do “Clube Verde”, e ele próprio jornalista local, com colaboração nos órgãos da imprensa faialense e com vários livros publicados. Foi ele que me convidou para ser director de um jornal, me incentivou e, por vezes, me invectivou quando eu lhe respondia sempre não, porque tinha muito que fazer, e ser professor gastava muito tempo, o curso era o mais fácil de fazer, sendo o resto muito mais custoso e desgastante. Um dia, aborrecido comigo, um aborrecimento cartesiano, pois não era pessoa para além disso, disse-me: “pois fica sabendo que se o Fayal Sport não tem um jornal é por tua causa”. Fiquei com aquilo cá dentro, e no outro dia fui ter com ele e afirmei-lhe: ”se quer um director para o jornal, aqui está um”. Ficou muito contente. E foi assim que nasceu o jornal do Fayal Sport Club.
Fez-se uma reunião na sede do Clube para se tratar disto. Apareceu muita gente. E todos juraram que iriam escrever muito, que iriam participar, e muitas coisas mais. Mas a mim já me tinham caído as peles dos olhos e sabia muito bem para onde ia. Ao fim de uns meses já não havia colaboradores. O jornal estava definido. Eu era o Director, o José Pacheco de Almeida o Redactor Principal, mas quem ficou, incondicionalmente, comigo, foi o meu amigo Ednard Ogima, pseudónimo de Manuel Lino. E ficou até ao fim.
É que um dia, a Empresa que imprimia o jornal, actualizou o preço da tiragem. E foi um preço incomportável para o Clube. E o remédio foi acabar com o jornal. E eu fiquei livre desse compromisso. E entretanto fui convidado pelo Dr. Fernando Faria Ribeiro, para assumir uma nova tarefa no jornal diário “Correio da Horta”. E aceitei. Seria para mim, como comprovei, uma experiência diferente. Como, de facto, o foi. Porque fazer um jornal diário já era uma tarefa mais complicada. E que não me deixava mais tempo. Mas, entretanto, a empresa reconsiderou mais tarde, e resolveu dar uma nova oportunidade ao Fayal Sport Club. Mas foi tarde de mais. Não pude voltar. E foi dada uma oportunidade a um moço mais novo, que não estava preparado para isso. E o jornal foi definhando até que, por falta de qualidade, foi encerrado.
Esta é a história do jornal do Fayal Sport Club, que mesmo assim, ainda durou cerca de 10 anos”.
J. Luís
Publicado no Incentivo a 30 de Julho 2018