quarta-feira, agosto 29, 2018

"Os Verdes da Alagoa" - Disputa do Torneio dos Campeões Açorianos em Angra do Heroísmo (1970)

Em cima da esq./dir.: Carlos Machado, João Manuel, Ludgero, Manuel Cristo,
Luís Baptista, Helder Quaresma, João Luís, Manuel Silveira e Manuel Melo.
Em baixo da esq./dir.: Firmo Ventura, Tomás, Manuel Bulcão,
Armando Evangelista, José Macedo, José Silveira e Manuel Lima “Pirolito”.


Decorria o mês de Junho do ano de 1970, o Fayal Sport Club disputava em Angra do Heroísmo, pela terceira vez consecutiva, o torneio dos Campeões Açorianos, defrontando as equipas do Lusitânia e do Santa Clara.
Por uma questão de sorte os “Verdes da Alagoa” não se sagraram mais uma vez campeões açorianos devido a vários factores, sendo um deles destacado por “Ednarg Ogima” (“Grande Amigo”, Manuel Lino) que no N.º 48 de 6 de Junho de 1970, escreve o seguinte comentário sobre o jogo da final entre Santa Clara e Fayal Sport:
…”Ambas as equipas, (FSC/Santa Clara) cientes da grande responsabilidade que tinham sobre ombros, deram indícios de receio mútuo. Por isso não admirou que os primeiros minutos da pugna decorressem em fase de estudo e de certo nervosíssimo, dando ao jogo forte feição de equilíbrio, muito embora o Santa Clara fosse a primeira equipa a demonstrar maior adaptação ao terreno e ao jogo.
O Fayal Sport, adoptando um sistema de contra-ataque, procurava assentar o seu jogo numa sólida posição defensiva, sem no entanto se remeter à defesa, e explorar com rapidez, através de infiltrações e de lançamentos com muito a propósito para os espaços vazios, a defensiva encarnada, o que ia acontecendo quando José Silveira, dentro da pequena área e em posição frontal, concluiu de cabeça frouxa para as mãos de Durval Melo, um livre apontado por João Luís.

Por seu turno, a turma micaelense, usufruindo de uma maior pujança física e de uma mais calejada maturidade futebolística por parte de alguns dos seus elementos, porfiava a todo o transe bater a bem escalonada defensiva verde, que sob o comando do capitão Manuel Cristo a tudo dava conta do recado.
Ao finalizar estes 45 minutos iniciais deu-se o chamado caso do jogo: golo invalidado a José Silveira que surgiu isolado frente a Durval Melo, atirando a bola contra a sua figura para na recarga não perdoar. Invalidou o tento o fiscal de linha micaelense, Alírio Fontes, alegando fora de jogo a José Silveira.
Em nossa modesta opinião, opinião esta que não surge em cima do lance nem dita assim como ao relento, antes pelo contrário, que surge baseada em profunda análise, que temos feito, com nós próprios, ao referido lance, consideram os que o golo foi indevidamente invalidado e isto porque, concluímos (da nossa análise, honesta e sem facção clubista) que José Silveira estava isolado quando recebeu o esférico, mas não quando ele lhe foi passado, o que, como aliás é sabido, nas leis de futebol, embora parecendo que não, tem grande importância e… diferença.

O segundo tempo começou praticamente com o golo do Santa Clara, produto de remate felicíssimo de M. António, na transformação de um livre directo em posição frontal, e para o qual a defensiva verde não fez a necessária barreira. Aconteceu que o esférico na sua trajectória iludiu Manuel Cristo e, consequentemente Carlos Machado, que embora tardiamente, por só o ter visto quando o mesmo passou por Manuel Cristo, se lançou bem, chegando a tocá-lo.
Daí por diante o Santa Clara procurou trocar a bola, tentando assentar o seu jogo no facto psicológico obtido através do golo. Contudo, tal não o conseguiu, pois nunca viveu tranquilo, porque a reacção faialense foi sempre enérgica e teimosa.
Como apontamento geral registamos a deslocação apontada a Manuel Bulcão e uma vez mais duvidosa, uma perdida do mesmo Manuel Bulcão que ao fugir à defensiva contrária atirou fraco de modo a permitir a defesa de Durval Melo e a pretensa penalidade por parte de alguns espectadores (poucos na realidade) num lance em que a única preocupação e intenção dos atletas, verde e encarnado, foi a de jogar o esférico.

Na equipa verde todos são credores da mesma nota, atenção e respeito.
Desde Carlos Machado (como gostámos de o ver!) passando pelos restantes sectores da equipa, todos foram generosos e incansáveis e dignos representantes da camisola que defenderam.
Uma palavra de simpatia para o Santa Clara pela maneira briosa e correcta (com excepção em dois lances iniciais em que esteve em perigo a integridade física de Manuel Cristo) como encararam o encontro”.

No primeiro encontro, defrontando o Lusitânia, os “Verdes da Alagoa”, empataram a 1 bola. No encontro Lusitânia – Santa Clara, novamente um empate a 1 golo e no terceiro jogo (uma final onde pela 1.ª vez não se encontrava a equipa da casa) o Santa Clara vence a equipa verde por 1 bola a zero.
A equipa do Fayal Sport alinhou, em ambos os encontros com: Carlos Machado, Manuel Lima, Manuel Cristo, Ludgero, e Helder Quaresma; Firmo Ventura e João Luís, Manuel Silveira, José Silveira, Manuel Bulcão e José Macedo.

J. Luís

Publicado no Incentivo a 27 de Agosto 2018

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