sábado, junho 23, 2018

"Os Verdes da Alagoa" - Campeões da Conceição


Em 1.º plano, da esquerda para a direita: Armando Sousa, Mário Barbosa,
João Luís, João Ângelo, Victor Pinheiro e Carlos Vasques.
De pé, pela mesma ordem: António Andrade “Beirada”, Manuel Cristiano,
Raposo, Norberto Dutra, Antero Gonçalves, Manuel Cristo,
Fernando Morisson e Mário Baptista.


Na sequência do que foi escrito no trabalho anterior, terei que dizer que naquele tempo, o único lugar onde os jovens recorriam para todas as suas brincadeiras, era o espaço que nos era fornecido pelas ruas da nossa freguesia.

Para jogar à bola os espaços preferidos era o cimo do Alto (este espaço existia na área que hoje é ocupada pela bomba de gasolina e pelo tribunal e para além de campo de futebol improvisado, servia também de estendal de roupa) e a Avenida Machado Serpa. Aqui, tínhamos que ter algum cuidado com o pontapear o esférico, uma vez que se ele entrasse no estádio, o contínuo desse tempo, não nos devolvia a bola.

O piso da Avenida Machado Serpa era coberto de bagacinha, extraída principalmente do Monte Queimado - como também as restantes artérias da freguesia da Conceição - e era aí que a rapaziada jogava à bola, muitos de nós de pé descalço. Nas restantes ruas, principalmente Rua Juiz Macedo, Travessa do Bom Jesus, Rua Almeida Garrett, a rapaziada dedicava-se a jogar ao peão, à pata-mo-lhada, ao fura-paredes, às escondidas, ao quiquijá, etc..
Em pleno Verão, era a praia da Alagoa o nosso “campo” preferido para se jogar à cabeçada ou um jogo de futebol. No jogo da cabeçada, era usada uma bola e onde se defrontavam duas equipas, compostas por dois jogadores e a regra obrigatória era a de a bola ser jogada de cabeça para a baliza contrária, onde se encontrava a equipa adversária.
E foi nestes cenários que nasceu e cresceu a maioria dos jogadores que na década de 60 do século passado venceram o maior número de campeonatos da Associação de Futebol da Horta.

Recordando e esperando não cometer nenhuma injustiça, desejo nestas linhas registar os nomes de todos aqueles que nas décadas de 50/60 do século passado, fizeram parte de um núcleo de jogadores que deixaram na história do Fayal Sport Club algo que não deve ser nunca apagado nem esquecido.
Eis os nomes daqueles que na década de 1950 envergaram a camisola verde e que nasceram ou residiram na freguesia da Conceição:

Nascidos em 1930 e campeões açorianos em 1959: Afonso Serpa, Eduino Costa, Ilídio Pacheco, Luís Almeida, Manuel Gaspar, Manuel Cristo e Manuel Vasques. A maioria deles, depois desta conquista emigrou para os Estados Unidos. Ainda, pertencentes a esta década e que não foram campeões açorianos, mas que jogaram nos “Verdes da Alagoa”, temos Antero Lino, Carlos Vasques, Dionísio Capaz, José P. de Almeida, José Cordeiro, Mário Lobo, Manuel Cristiano e Manuel Dutra (Madeira).
Nascidos em 1940 e campeões distritais na década de 1960: António Andrade (Beirada), António Rocha, Armando Sousa, Carlos Capela, Carlos Machado, Costa Pereira, Emanuel Rodrigues (Barrinhas), João Almeida (Camacho), João Luís, João Ribeiro, Jorge Barbosa, Manuel Lima (Pirolito), Manuel Almeida (Batata), Manuel Melo (Paciência), Manuel Lino, Mário Pinto, Mário Barbosa (Zorrinha), Mário Martins, Necas Madruga, Rodrigo Pinto e Norberto Dutra (Fundão).

Muitos destes amigos emigraram para os Estados Unidos e por lá os encontrei quando, em 1965, a selecção faialense, treinada pelo Prof. Gaspar Neves (e jogador) se deslocou ao Estado de Massachussetts e novamente em 1975, integrando a equipa de seniores do FSC onde, por este Estado americano, encontrámos aqueles que nas décadas de 1950/1960 fizeram história no decano dos clubes açorianos.
Ainda nesse tempo, o Atlético possuía na sua equipa principal, jogadores que na sua maioria, eram naturais ou residentes na freguesia das Angústias. O Fayal Sport, também, na equipa principal tinha jogadores, na sua maioria, que eram naturais ou residentes na Conceição. O Sporting da Horta era constituído, na sua maioria, por jogadores que residiam nas freguesias da Matriz, Angústias e Conceição.

Passados que são mais de 50 anos e sem recorrer a nenhuma informação, julgo que na equipa de seniores do FSC, não há jogador algum que tenha nascido ou que tenha residência na freguesia da Conceição e que, presentemente, envergue a camisola do decano dos clubes açorianos. Se há jogadores que tenham nascido ou que residam nesta freguesia, julgo que devem ser muito poucos. Se existem, daqui envio as minhas felicitações.
Ao contrário dos dias de hoje, onde a presente geração se encontra refém das novas tecnologias, é difícil existir diálogos verbais entre duas pessoas. No tempo da nossa juventude, era na rua que se encontravam os amigos. E era assim, da forma mais natural, que se combinavam jogos de futebol ou outro tipo de brincadeiras.
Que saudades desses velhos bons tempos!
Será que estou a exagerar nesta expressão?

J. Luís

Publicado no Incentivo a 7 de Maio 2018

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