Em 1.º plano, da esquerda para a direita: Armando Sousa,
Mário Barbosa, João Ângelo, Carlos Peixoto e José Silveira.
De pé, pela mesma ordem: Norberto “seis dedos”, Manuel Cristo,
Fernando Morisson, António Andrade, João Luís e Vítor Pinheiro.
“Volvidos que são agora cinco longos meses, tudo nos parece um distante sonho de Verão…
Naquela tarde quente de Agosto envergávamos, de novo, a camisola verde do “Velhinho”.
À nossa volta era a alegria em caras bem conhecidas e há longo tempo afastadas, à mistura com certa comoção, de quem sentia o significado do momento.
Os olhares vagueavam pelos cantos daquele pequeno balneário relembrando momentos de glória ou desolação vividos outrora naqueles mesmos bancos.
Lá fora, dentro das quatro linhas do rectângulo de jogo, ao ouvirmos de novo as palmas e até vozes ainda bem conhecidas, vimos reflectido nos olhos de alguns aquilo que nós próprios sentíamos dentro do peito.
Ali estavam o Costa Pereira, o Gui, o Helder, o Amílcar, o Rodrigo, o Faria, o Cristiano e essa velha glória do futebol faialense mais conhecido por “Pirolito”.
E depois foi o “renhido” desafio.
Como era bom termos pela frente “adversários” como o Cristo, o Morisson, o Camacho, o João Luís.
Amigos e colegas de velhos tempos e agora, uma vez mais, dando alma ao seu clube de sempre, nesta simples mas grande e simbólica homenagem àqueles desportistas que procuraram novas estradas longe do Torrão Natal.
Mais tarde, sob o tecto da Sede Ginásio, o jantar que nos foi oferecido falou-nos outra vez, de amizade, dedicação e amor, desde os abraços e falas de estima, passando pelas palavras simples e repletas de afecto do Sr. José Bettencourt e do Tomás Manuel até à justeza das afirmações do Fernando Faria.
Já de regresso a esta Torre de Babel dizia-nos o Helder, da Califórnia, que o salto, daquele grande dia que vivemos na Alagoa para o agitamento de uma cidade da Costa Oeste da América, fora como uma viagem espacial para um desconhecido e inóspito planeta com estranhos seres e costumes.
Foi através do telefone, numa manhã fria deste frio Dezembro, que nos pediram para rabiscarmos umas linhas para este número especial nas “Bodas de Diamante” do Fayal Sport.
Há largos anos afastados das lides jornalísticas, cremos bem que perdemos já certo “ritmo” indispensável para o balanço correcto da pena sobre o papel.
Que nos perdoem pois aqueles a quem estas linhas não forem a seu contento.
Apenas estamos procurando ser porta-voz de todos os que aí estiveram no dia 4 de Agosto e que agora, por esta terra dentro, fecham os olhos ainda por um momento sobre a secretária ou sobre a barulhenta máquina desta ou daquela fábrica e revivem o sonho sempre igual do imigrante.
E que nos perdoam ainda ao preterirmos factos históricos e relevantes da vida do nosso Fayal – e eles são tantos e já sobejamente conhecidos – em favor deste pequeno mas grande episódio daquele dia quente de Verão.
Obrigado ainda Fayal.
E oxalá que as tuas “Bodas de Diamante” sirvam de nova catapulta para te lançarem no espaço do Tempo que se abre à tua frente e que novos sonhos se tornem realidade como o são já o Estádio e a Sede Ginásio.
Até lá conta sempre connosco”.
Somervillle/Dezembro/83.
Carlos Manuel Baptista Peixoto
Nota - Texto publicado em edição especial do boletim do Fayal Sport Club, de 2 de Fevereiro de 1984, assinalando as “Bodas de Diamante” da sua fundação. Era Presidente da Assembleia-Geral José Bettencourt Brum, Presidente da Direcção Tomás Manuel Rocha e do Conselho Fiscal André Rodrigues Porto.
Segundo somos informados pelo autor do presente escrito “o episódio a que faço referência, passou-se no Verão de 1983, quando o Fayal Sport convidou um grupo de residentes na América e no Canadá e que na altura estavam a gozar umas férias no Faial, para a ideia de um jogo de "veteranos", contra uma equipa formada por residentes no Faial. Depois ofereceram-nos um jantar no ginásio. Um acontecimento que nunca esqueço, até porque foi a última vez que enverguei a camisola do Fayal Sport”.
J. Luís
Publicado no Incentivo a 25 de Março 2019
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