Em 1.º plano, da esquerda para a direita: Necas Madruga,
José Silveira, Armando Sousa, José e Rui Aníbal.
De pé, pela mesma ordem: Jorge Ventura, Macedo “Praia”,
Mário Barbosa “Zorrinha”, João Luís, Jorge “Flores” Barbosa,
Carlos “Panela”, Renato Silva “Tiriri” e Manuel Vasques, treinador.
Falar do decano dos clubes desportivos açorianos, não é tarefa fácil, tanto mais para quem muito lhe deve. Em muitos campos. Na formação do carácter. Na convivência com o semelhante. Na respeitabilidade com o próximo.
Para mim, que desde a meninice andei sempre à volta das suas instalações no sítio da Alagoa, também não é fácil falar das iniciativas ingentes que durante várias décadas foram levadas a efeito pelas diversas Direcções que estiveram à frente dos destinos do Fayal Sport Club.
Para historiar a construção do estádio e da sede deste Grande Clube, outras pessoas com mais conhecimento e propriedade o fizeram, bem como de outras obras de menor vulto, que vieram engrandecer este “Velhinho” de 75 anos e cujo lema é “Querer Crer”.
No Fayal Sport, vi crescer, a par e passo, uma geração de desportistas de rija têmpera, que por ele sofriam e por ele lutavam até ao limite das suas forças, dedicando-se ao clube com amor e muita dedicação.
E neste curto discorrer, seria grato recordar o nome de alguns “Rapazes da minha juventude” que levaram o nome do Fayal Sport Club a outras paragens açóricas. Para isso seria uma lista enorme pois tantos foram aqueles que a este Clube muito deram mas também muito receberam. Principalmente a amizade.
No entanto, não poderei deixar de referir o nome daqueles que, pé descalço, como eu, no exterior do estádio, em piso de bagacinha, jogavam nas tardes de Verão prélios que envolviam muito entusiasmo e a vivacidade própria dos nossos 10/15 anos. Muitos deles (anos mais tarde, emigrantes em terras do Tio Sam) iniciaram a sua carreira desportiva no Fayal Sport e foram:
António Rocha, Américo Antunes, Armando Sousa “da Perpétua”, Carlos Capela, Carlos Alberto da Costa “Banza”, Emanuel Rodrigues “Barrinhas”, Ezequiel Pereira (meu irmão), Eugénio Botelho “Ranheta”, Fernando Gonçalves “Guecho”, Fernando Alves “Palanca”, Helder Murtes “Piolho”, João Almeida “Batata”, Jaime Melo “Paciência”, Jorge Barbosa “Flores”, Jorge “Panela”, João Ribeiro “João da Adelaide”, Jorge Ornelas “Trafulha”, José Eduardo Costa Pereira, Manuel Dutra “Madeira”, Manuel Cristo, Manuel Cristiano, Manuel Lima “Pirolito”, Manuel Almeida “Batata”, Manuel Melo “Paciência”, Mário Moniz Neto, Mário Barbosa “Zorrinha”, Mário Pinto, Manuel Gonçalves “Guecho”, “Necas” Madruga, Norberto Dutra “Fundão”, Orlando Gaipo “Cabaça”, Rodrigo Pinto, Renato Silva “Tiriri”.
Alguns, poucos, não fizeram carreira futebolística no Fayal Sport ou em qualquer outro clube da nossa ilha, mas contribuíram para a animação dos nossos encontros de futebol em que predominava a bola de trapos, baliza de pedras e o pé-descalço.
Sou, portanto, da geração que viu nascer os muros do estádio. Pedra a pedra, eles foram tomando forma e o sonho que os “grandes” do Fayal Sport tanto acalentavam foi-se tornando uma realidade.
Foi essa obra, única nos Açores, que deve ter galvanizado vontades e despertado no espírito dos mais jovens, e não só, o orgulho de pertencerem a um Grande Clube.
Tanto assim, que a rapaziada, na idade própria, aproveitou essa infraestrutura dentro dos condicionalismos da época, que diga-se em abono da verdade, não vai assim tão longe. De manhã, duche de água fria, toalhas que às vezes mais pareciam lixa, botas de cabedal duro com pitons que cortavam e bolas (poucas) que encharcadas eram pesadíssimas.
Mas foi com essa carência de material desportivo que o Fayal Sport criou nome e foi conhecido em todas as ilhas dos Açores.
Convites, recebeu alguns: S. Miguel, Terceira e Graciosa e nessas deslocações que duravam por vezes mais de 15 dias, havia um convívio salutar onde se travavam amizades com gentes e desportistas de outras ilhas.
Nesta data em que o Fayal Sport Club completa 75 anos de existência e em que as suas estruturas desportivas satisfazem em pleno as aspirações de qualquer atleta e na forja se rubrica uma nova iniciativa, tudo isso é testemunho suficiente de quanto o “Querer e Crer” é algo que move obstáculos e vicissitudes.
O nome do Fayal Sport Club não é só conhecido pelos seus feitos desportivos, mas também e, principalmente, pelas suas iniciativas. Elas, são, na realidade, a vontade firme de dar a esta terra algo que perdure pelos anos fora. E tudo isso com aquela vontade que é apanágio de quantos deram e dão o seu esforço, em todos os campos – desportivo, cultural e directivo – para elevar cada vez mais alto o nome do FAYAL SPORT CLUB.
Fevereiro de 1984
João Luís
Nota - Texto publicado em edição especial do boletim do Fayal Sport Club, de 2 de Fevereiro de 1984, assinalando as “Bodas de Diamante” da sua fundação. Era Presidente da Assembleia-Geral José Bettencourt Brum, Presidente da Direcção Tomás Manuel Rocha e do Conselho Fiscal André Rodrigues Porto.
J. Luís
Publicado no Incentivo a 11 de Março 2019
Sem comentários:
Enviar um comentário