Não teríamos tempo e o espaço é curto para uma, embora breve, referência a todos quantos com o seu saber “mestre” ou a sua vontade “titânica” contribuíram para aquilo que é hoje o F.S.C..
Todavia houve uma pessoa que nos tocou mais de perto. Ele era, ao tempo, ainda jovem e nós quase uma criança. Era alto, forte, rude por vezes na fala, quando as coisas não corriam a seu contento, mas era uma espécie muito rara de Homem.
Um Homem que defendemos a lembrança da sua virtude. Sem estes, os mais hábeis teriam sido muito mais pobres.
Há trinta e poucos anos batia-nos à porta todos os dias às seis horas da manhã – num programa por ele estabelecido – para irmos trabalhar naquilo que ele queria se chamasse o “Estádio do Fayal Sport Club”.
À hora da interrupção dos trabalhos a despedida era sempre igual: “Logo quero ver a malta toda aqui e tragam mais um”.
E o estádio construiu-se e inaugurou-se. Nessa manhã de sol suave ao hastear-se a bandeira do nosso velho (cada vez mais jovem) clube, no mastro de honra, olhámos esse homem e fomos surpreendidos porque nessa altura não sabíamos, ainda, que os homens valentes também choram.
Para nós o António Torres Castro Neves foi mais um dos que “por obras valorosas se vão da lei da morte libertando”.
O seu nome estará sempre em cada uma das tantas pedras do nosso estádio. Foi das lições mais maravilhosas que aprendemos: QUERER E CRER”.
Fernando Baptista Peixoto.
Nota - Texto publicado em edição especial do boletim do Fayal Sport Club, de 2 de Fevereiro de 1984, assinalando as “Bodas de Diamante” da sua fundação. Era Presidente da Assembleia-Geral José Bettencourt Brum, Presidente da Direcção Tomás Manuel Rocha e do Conselho Fiscal André Rodrigues Porto.
Tendo o presente trabalho como principal referência o nome do Sr. António Torres Castro Neves (“Neves S. Pedro”), antigo guarda-redes do FSC, árbitro de futebol e nosso treinador na deslocação a Ponta Delgada em 1960, onde o FSC foi convidado a participar num torneio de futebol integrado nas festividades do Senhor Santo Cristo, recorremos novamente ao histórica livro do Sr. José Bettencourt Brum, transcrevendo a seguinte informação:
“Um grupo de “voluntários” às 6 horas da manhã do dia 28 de Maio de 1951 abrem “caboucos” antes da chegada dos operários.
São eles, em primeiro plano: Augusto Almeida “Fanha”, Manuel Adolfo, António Neves, Manuel Lima (“Pirolito”) e Fernando Lima”, cujo título do livro “Aguenta Verdos” da autoria do Sr. Armando de Freitas Amaral tem origem “no seu inconfundível grito incitando desta forma as equipas do Fayal Sport nas competições desportivas em que participava”.
Em segundo plano e pela mesma ordem: “Josué, (?), Luís Morisson, Luís da Terra, Lúcio Dutra e o Presidente da Direcção, e o médico veterinário Constantino Amaral”.
… e foi assim, com o contributo destas e de outras pessoas, que o Estádio do Fayal Sport Club “nasceu”. O Estádio da Alagoa.
J. Luís
Publicado no Incentivo a 18 de Março 2019
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