terça-feira, janeiro 22, 2019

"Os Verdes da Alagoa" - Uma família "sportinguista" de riscas vermelhas


De pé, da esquerda para a direita: os irmãos Mário, Alexandre,
Fernando e Carlos Simas, jogando os quatro no mesmo dia e no mesmo jogo.
É uma foto inédita em toda a Europa.

Se no anterior artigo nos referimos ao caso único e inédito dos seis irmãos Serpa que simultaneamente integraram um clube de futebol, o prestigiado Angústia Atlético Club - tendo um deles feito parte dos “Verdes da Alagoa” como treinador - no presente trabalho queremos salientar o caso singular dos oito irmãos Simas que envergaram a camisola do Sporting Club da Horta (SCH).
Na realidade é também uma circunstância única a existência de vários irmãos que jogaram futebol em épocas diferentes no mesmo clube.
Com a maioria deles nos defrontámos durante a década de 1960 e todos eles demonstraram possuir elevada técnica para o futebol e outras modalidades desportivas.
O Alexandre, no final da sua carreira, na época de 1982/83 foi campeão da Associação de Futebol da Horta. Dessa equipa, que teve como treinadores os Professores João Castro e Gaspar Neves, também fazia parte seu irmão Rui Simas.

Na equipa de futebol para além do Victor, Carlos, Fernando e Alexandre, jogaram ainda os mais novos: Mário, Rui, Paulo e Helder Simas. No total e durante várias épocas foram oito os irmãos Simas que envergaram a camisola do Sporting Club da Horta.
O mais velho, Urbano Simas, foi o único que não jogou futebol, ao passo que as três irmãs praticaram basquetebol feminino no Sporting Club da Horta.
Os irmãos Simas para além de terem sido muito habilidosos no “pontapear da bola”, foram sem dúvida uma família que muito se dedicou ao Sporting Club da Horta.
De destacar que numa final de basquetebol, disputada em São Miguel, jogaram pelo SCH os irmãos Rui, Mário, Alexandre e Carlos Simas, tendo vencido o Sport Club Lusitânia que actuou reforçado com elementos da Base das Lajes pelo que conquistaram o título de campeões açorianos pela 2.ª vez, feito que também conseguiram como campeões açorianos em andebol.
Seu pai exerceu também funções nos elencos directivos do Sporting, na Associação de Futebol da Horta e foi funcionário da FNAT- Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (hoje INATEL).
No campo da Doca, como era designado o recinto de futebol deste histórico clube faialense, disputaram-se grandes jogos. Junto às balizas, o piso era térreo e possuía um desnível desconfortante para quem lá jogava.

Foi neste piso relvado que o Angústias Atlético Club (AAC), como não tinha campo de futebol, realizava os seus treinos e jogos, embora tenha chegado ao nosso conhecimento de que alguns dos seus treinos foram realizados na Praia de Porto Pim.
Os adeptos distribuíam-se por espaços bem delimitados. Quando ambas as equipas se defrontavam, os sócios do SCH sentavam-se na bancada de cimento no lado sul, enquanto que os do AAC se agrupavam no peão situado no norte e ficavam em pé do início até ao fim do encontro, enquanto que os adeptos do FSC se sentavam numa “bancada de terra” no lado sul.
Neste recinto, que possui uma pequena casa com dois balneários e espaço para venda de bilhetes, o SCH recebeu, no ano de 1972, o Sporting Club de Portugal, que ali realizou dois jogos: o primeiro contra o Sporting Club da Horta, cujo resultado foi favorável à equipa lisboeta por 7-0 e o segundo contra um misto Fayal Sport/Angústias Atlético Clube, que terminou com nova vitória dos leões por 7-1.

O misto faialense alinhou com: João Ribeiro, Manuel Silveira, João Luís, João Matos e José Macedo, do FSC e Melo, Eduardo, Matos, Manuel Luís, Rafael e Tomás, do AAC. Foram ainda utilizados Carlos Machado, Adalberto Azevedo, Francisco José, Arménio e João Almeida. O golo da equipa faialense foi marcado por José Macedo que o descreve da seguinte maneira: “Quando a bola foi cruzada da esquerda, Rui Raulino, o guardião sportinguista que substituíra Botelho, saiu com demasiada “souplesse” e à vontade. No momento em que segurava a bola, foi carregado, legalmente, por mim. Largou a bola que, depois, haveria de entrar, vagarosamente, na baliza perante os protestos injustificados de vários ‘leões’. Um golo que ficou gravado para sempre, na minha história como futebolista”.
O Sporting Club da Horta foi fundado a 28 de Maio de 1923 e o seu nome foi inspirado, segundo nos consta, no Sporting Clube de Portugal de quem é o filiado N.º 80.

J. Luís

Publicado no Incentivo a 21 de Janeiro 2019

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