terça-feira, outubro 02, 2018

"Os Verdes da Alagoa" - O 1º curso de treinadores no Faial (1969)


Em 1.º plano da esquerda para a direita: Carlos Serpa (AAC),
António Nogueira (FSC), José Lobão (FCF), João Luís (FSC),
Alberto Soares (SCH), Antero Gonçalves (FSC) e Luís Baptista (SCH).
Em segundo plano e pela mesma ordem: Gaspar Neves (FSC),
Hildeberto Serpa (AAC), Prof. Tavares Jr., Manuel Flores “Salsa” (SCH),
José Ilídio Faria (AAC), João Bettencourt Melo (FSC),
Victor Simas Leal (AAC) e Mário Serpa (AAC).

Nos tempos que já lá vão, as três históricas equipas locais convidavam para seus treinadores aquelas pessoas que, para além de terem sido excelentes a dar um pontapé na bola nas suas fileiras, tinham vocação e interesse em treinar equipas de futebol.
No Fayal Sport Club, foi assim que os “rapazes da nossa juventude”, ao iniciarem a sua actividade desportiva, conheceram como treinadores os Srs. Artur Raposo Ferreira, Manuel Garcia Vasques e Manuel Gaspar Gonçalves.

Já adultos e de “pé feito” a nossa geração conheceu como treinadores os Srs. António Garcia Jr., com salão de cabeleireiro na Rua Serpa Pinto, N.º 22, 2.º piso, que viria a ser o treinador do Fayal Sport Club a conquistar o primeiro e único Torneio de Classificação à Taça de Portugal, disputado em Ponta Delgada em 1959; Mário Samuel Hercílio da Costa Valente, sendo natural do Continente permaneceu na Ilha do Faial durante alguns meses, desempenhando funções como arquitecto e relacionadas com o Vulcão do Capelinhos; António Torres de Castro Neves, funcionário da Repartição de Finanças; Gaspar Adelino Torres de Castro Neves, Professor Primário e Professor de Educação Física; Mário de Lemos, motorista da ex-Junta Geral; Mário Cunha “Laranjo” funcionário da Fundação Caloust Gulbenkian, na Horta; Antero Augusto de Medeiros Gonçalves, Chefe de Secretaria da PSP, na Horta; João Ângelo Miguel, empregado comercial; José Silveira da Rosa, funcionário da Câmara Municipal da Horta; Manuel Tibério Goulart Lino, funcionário da Casa Bensáude; e João Manuel da Silva Ribeiro, funcionário dos CTT.
Com excepção do arquitecto Mário Valente e de Mário Cunha “Laranjo”, todos os restantes treinadores foram jogadores da equipa de seniores do Fayal Sport Club.

Em 1964, depois de ter obtido o seu diploma como treinador, Gaspar Neves (e dele partiu a primazia de alterar o sistema de jogo de 3-2-5 para 4-4-2, logo após tirar o seu curso de treinador no Continente) tem a iniciativa de propor à Associação de Futebol da Horta, para promover um curso de treinadores nesta ilha, convidando para tal o Sr. Prof. Tavares Jr., que aceitou o convite e que fazia parte dos quadros da Federação Portuguesa de Futebol.
Segundo nos recordamos, todos os participantes passaram nas provas práticas e escritas e a cada um foi-lhes entregue um diploma a certificar a sua participação nesse curso de treinadores.
Pela fotografia, vê-se que o número de participantes, para o nosso meio desportivo, foi elevado. Nela, encontram-se pessoas que não jogaram futebol e que eram simplesmente sócios dos respectivos clubes: José Ilídio Faria, João Bettencourt Melo e Victor Simas Leal e também não chegaram a exercer as funções de treinador.

José Lobão, Alberto Soares e Luís Baptista, para além de terem participado nos respectivos clubes como jogadores, segundo julgamos saber, nenhum deles exerceu as funções de treinador em qualquer equipa local.
Todos os treinos foram realizados no campo do Sporting Club da Horta e nos dias e horas marcadas para depois do horário de trabalho, todos lá se encontravam a participar num curso que teve como suporte financeiro a Associação de Futebol da Horta, que tinha como Presidente o Sr. Humberto da Rosa Serpa.
Não só com este curso como com aquele que anos mais tarde viria a ser dado pelo Treinador Nelo Vingada a mais um grupo de jovens da nossa ilha, o futebol faialense evoluiu um pouco mais. Com essa aprendizagem, clubes da nossa ilha conseguiram conquistar alguns campeonatos açorianos nas categorias de formação.

 Nos dias que correm, as dificuldades são algumas, uma vez que existem clubes que não encontram jovens para participarem em escalões de aprendizagem. A dificuldade de se encontrar miúdos para jogarem nos diversos escalões é cada vez maior e por essa razão os clubes que ainda existem encontram obstáculos para constituírem este ou aquele escalão.
Nos dias de hoje, nas ruas da nossa cidade e não só, a rapaziada não abunda. Nos tempos que já lá vão, por todas as artérias só se viam rapazes na rua. Naquele tempo para se encontrar um amigo era na rua que ele se encontrava.
Eram outros tempos.

J. Luís

Publicado no Incentivo a 01 de Outubro 2018

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