quinta-feira, março 08, 2012

Fayal Sport perto da praia várias vezes


Não enjeita culpas! Eugénio Botelho, com a mesma frontalidade e empenho que se lhe reconhece naquilo que faz no futebol, diz, sem rebuço: «A inexperiência do treinador terá contribuído para resultados menos conseguidos.» É uma atitude lúcida, e rara no mundo desportivo, igual à que o técnico do Fayal Sport põe na análise do comportamento da sua equipa na 1.ª Fase da Série Açores.

Após a 1.ª fase do Campeonato a ideia que fica é que a equipa do Fayal Sport tem um valor superior aos resultados que obteve. O que faltou para materializar em vitórias essa qualidade?
Há essa ideia bem vincada no grupo de que houve várias vezes que estivemos muito perto de chegar primeiro à praia do que os nossos adversários e que não aconteceu porque em momentos importantes umas vezes não remámos todos, outras não remámos todos no mesmo sentido, outras não remámos todos ao mesmo tempo, outras não olhámos para o mar, outras não preparámos bem os remos.

Faltaram o traquejo que a especificidade destes quadro e contexto competitivos exige e que a média de idades, percurso competitivo e origem do recrutamento do plantel não possuíam e toda a estrutura que é necessário envolver uma equipa que participa numa prova desta natureza e que a Direção não teve possibilidade de disponibilizar.
Algumas mentalidades, resultado da qualidade do futebol na nossa ilha, também não ajudaram. E, finalizando, com certeza que a inexperiência do treinador também terá contribuído em alguns episódios para resultados menos conseguidos.

Não podemos deixar de enquadrar todas estas situações na realidade do quadro competitivo da Associação de Futebol da Horta, que leva a que especialmente os clubes do Faial que não possuem os mesmos apoios camarários dos do Pico joguem contra clubes com jogadores com ritmos, vivência e experiências competitivas diferentes e de nível qualitativo mais elevado, o que se reflete essencialmente nos resultados.


Como se sente a equipa para abordar a 2.ª Fase?
A manutenção continua a ser o objetivo? Relativamente à abordagem da 2.ª Fase a equipa sente-se motivada e confiante de que pode fazer mais e melhor, ciente das dificuldades, mas determinada em enfrentá-las com humildade, união e ambição.
O objetivo continua a ser a manutenção, sabendo-se que a linha de água poderá situar-se não no oitavo mas também no sétimo lugar, o que torna as coisas mais difíceis sem dúvida. Porém, o desafio será também mais aliciante e valorizará o nosso trabalho neste caminho até ao fim da competição.

A aposta na «prata da casa» foi uma boa decisão?
Penso que foi uma excelente aposta, devidamente pensada e assumida, pesem embora algumas dificuldades sentidas para concretizá-la, nomeadamente os timings da competição, limitações financeiras, escassez qualitativa e quantitativa na oferta de jogadores, pouca qualidade do trabalho na formação de alguns anos a esta parte, as memórias de tempos e práticas megalómanas.

Importa referir a importância de continuar a desenvolver bom trabalho na formação do Clube, devidamente coordenado, definido e orientado com objetivos comuns e metodologias paralelas a todos os escalões, uma vez que a qualidade «média» do trabalho desenvolvido nos restantes clubes da ilha não oferece grandes soluções para este tipo de competição.


A extinção prenunciada da Série Açores é uma boa ou má notícia para o futebol faialense e açoriano?
Apesar de haver cada vez mais clubes a apostar no jogador açoriano, seja por força das dificuldades financeiras sentidas atualmente, seja pelo fracasso comprovado dos projetos duvidosos, impensados e sem sustentabilidade, experimentados até à data, fruto desses projetos e da concorrência desleal baseada em alguns apoios camarários, é uma boa notícia, na medida em que o espírito da Série Açores continua a ser desvirtuado.

Apesar de os clubes forçosamente terem de passar a voltar-se para a aposta na qualidade da sua formação e no jogador açoriano, é uma má notícia porque a ideia inicial da Série Açores era possibilitar um espaço competitivo de aparecimento, desenvolvimento e afirmação do jogador açoriano, espaço esse que irá fazer falta e ter repercussões a vários níveis.

in jornalincentivo.com

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